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domingo, março 30, 2025

An Evening with Superman by Barry Windsor-Smith


"Uma Noite com o Super-Homem"


"An Evening with Superman"
foi uma graphic novel proposta pelo legendário artista e escritor britânico Barry Windsor-Smith, conhecido por seu trabalho em títulos como Conan, o Bárbaro e Weapon X. Esse projeto ambicioso buscava apresentar uma abordagem única e sofisticada do icônico personagem criado por Jerry Siegel e Joe Shuster, divergindo das narrativas tradicionais de super-heróis, tendo sido anunciada pela DC Comics em 1998.

Em uma entrevista de 1999 na revista subMedia #1, Windsor-Smith descreveu sua visão para a graphic novel como uma ruptura com os clichês convencionais do gênero. A história romântica se concentraria no primeiro encontro entre o Super-Homem e Lois Lane, destacando suas interações pessoais sem recorrer a elementos típicos como voo, combate ou exposição exagerada.

Seu objetivo era construir uma narrativa centrada em dois indivíduos, explorando seu relacionamento de maneira sutil e profunda. A arte foi concebida para ter um apelo atemporal, misturando influências estéticas típicas de Windsor-Smith, mas ao mesmo tempo mantendo o apelo art-deco futurista introduzidos por Joe Shuster. Lois Lane foi retratada como uma mulher real, de figura esguia e olhar inteligente, enquanto o Homem de Aço seria mostrado com uma qualidade alienígena, rompendo com os clichês já associados ao personagem.


“When Superman first turns up at the Planet building, Lois loses her cool and begins to stammer badly. She’s blushing and is all but speechless. This isn’t humorous, it’s embarrassing and deeply disturbing to her because she hasn’t stammered since she was a kid. This requires insightful writing and real acting in the body language. I can pull this off, I have faith that I can do it. But restricting me to parameters of a Catholic school play is going to kill it dead.” - BWS (1999)

No entanto, o projeto entrou num limbo corporativo e enfrentou atrasos significativos devido a longas negociações contratuais com a DC Comics e seus editores, em especial Paul Levitz. Windsor-Smith relatou que foram necessários sete meses para finalizar o contrato, período no qual seu entusiasmo inicial e energia criativa começaram a se dissipar. Ele expressou frustração com os obstáculos burocráticos, observando que a demora excessiva resultou na perda de ímpeto e inspiração. Apesar de sua disposição para iniciar o trabalho, as negociações prolongadas e as preocupações da editora com sua abordagem ao personagem acabaram paralisando o projeto.


“Here’s an example. This is Lois’s work area. She’s got these Victorian drapes hanging there, and all these sort of old fashioned frames, and yet all the framed headlines on the wall behind her are modern. All the books are heavily bound. She’s modern looking. It’s all variable. It’s meant to engender and create its own time. It’s similar to what they did in the first Batman movie, y’know, Anton Furst and Tim Burton. Now for my tastes that was a bit overdone, but it did have character and had a point to make. It’s characterization. And of course the DC editors have already started complaining.” 
- BWS (1999)

Ao fim, "An Evening with Superman" nunca foi publicado, permanecendo inacabado e inédito. Embora Windsor-Smith tenha produzido e posteriormente descartado versões iniciais da história, alegando insatisfação com seu tom convencional de quadrinhos, a graphic novel nunca se concretizou. Esse caso exemplifica os desafios enfrentados por artistas ao lidar com projetos criativos envolvendo personagens icônicos e licenciados, especialmente ao tentar apresentá-los sob uma nova e inovadora perspectiva.


“It’s Perry and one of his failings, but he’s still a good man. He says to Lois ‘A guy just flies up to your 30-story window like that. Phew!’ Lois says ‘I was stammering, Perry. I lost it.’ ‘You want a shot? Calm the nerves?’ ‘No, I’m falling apart. I need to talk to you straight, Perry.’ It’s a good scene. It shows their mutual compassion. All in one panel. But, no. I can’t do it.” - BWS (1999)

O título já está no limbo há quase 30 anos e continuará assim. Em 10 de junho de 2023, foi anunciado pelo agente do artista que Barry Windsor-Smith estava se recuperando de um derrame isquêmico sofrido cinco dias antes do seu aniversário de 73 anos em 20 de maio de 2023.

Super-Homem de Barry Windsor-Smith

Lois Lane e Super-Homem de Barry Windsor-Smith



Super-Homem de Barry Windsor-Smith







sábado, dezembro 28, 2024

Dr. Wertham contra o Super-Homem


Dr. Wertham contra o Super-Homem
por Fabio Marques

O infâme Dr. Fredric Wertham foi um psiquiatra preocupado com o que ele via como a decadência moral da juventude americana nos anos 40 e 50. Ele se tornou um dos críticos mais proeminentes dos quadrinhos no meio do século XX. Em seu livro de 1954, Sedução do Inocente, Wertham acusou os quadrinhos de promover delinquência juvenil, comportamento violento e desvios sexuais. Entre seus alvos estava o Super-Homem, da DC Comics, um personagem criado, ironicamente, para representar esperança, justiça e integridade moral.

Wertham afirmava que as habilidades sobre-humanas e a justiça vigilante do Super-Homem incentivavam as crianças a rejeitar a autoridade e adotar comportamentos imprudentes. Ele argumentava que a capacidade de Superman de desafiar leis convencionais poderia inspirar os jovens leitores a agir fora das normas sociais. Em uma passagem particularmente infame, Wertham sugeriu que os feitos de força de Superman poderiam incitar fantasias de poder entre os jovens impressionáveis, levando-os a um caminho de ilegalidade.

Fredric Wertham fez comparações extremamente controversas entre o Homem de Aço, criado pelos judeus Jerry Siegel e Joe Shuster, e ideologias opressivas, incluindo o nazismo, as S.S. e a supremacia branca, em suas críticas aos quadrinhos. Ele alegava que o Super-Homem representava uma figura autoritária que promovia a idéia de uma "raça superior" devido às suas habilidades sobre-humanas e invulnerabilidade, interpretando o personagem como um reflexo de ideais elitistas e antidemocráticos.

Wertham chegou a afirmar que o emblema do "S" no peito do personagem evocava uma conexão simbólica com as temidas S.S. nazistas, e que as narrativas envolvendo o herói derrotando inimigos mais fracos reforçavam mensagens de dominação racial e cultural. Essas interpretações, no entanto, ignoravam completamente as raízes do personagem como um defensor da justiça social, criado por dois jovens judeus, Jerry Siegel e Joe Shuster, que criaram o Super-Homem como uma resposta às ameaças fascistas da época e como um símbolo de esperança e igualdade.

As alegações de Wertham não se limitavam ao Super-Homem; ele condenava todos os quadrinhos de super-heróis, sugerindo que glorificavam a violência e minavam os valores tradicionais. Ele argumentava que a representação de heróis maiores que a vida, lutando contra vilões, poderia dessensibilizar as crianças para as consequências do mundo real, fomentando um apetite por agressão.

Joe Shuster, co-criador do Superman ao lado do roteirista Jerry Siegel, enfrentou sua própria dose de controvérsia nos anos pós-guerra. No final da década de 1940 e início da década de 1950, Shuster já não estava mais associado aos quadrinhos do Super-Homem devido a disputas com a DC Comics sobre direitos e compensação. Cego dos dois olhos e lutando financeiramente, Shuster recorreu a outras formas de ilustração para sobreviver. Entre seus trabalhos menos conhecidos estava a série de quadrinhos fetichistas Nights of Horror, uma coleção de ilustrações underground que retratavam temas de bondage e sadomasoquismo.

Embora Nights of Horror fosse obscuro, e o envolvimento de Shuster desconhecido do público pois ele colaborou anonimamente, a série foi considerada pornográfica e foi alvo de intenso escrutínio durante o julgamento dos Brooklyn Thrill Killers, uma gangue de adolescentes que, em 1954, cometeu uma série de crimes violentos, incluindo assassinato, em Nova York. O líder da gangue, Jack Koslow, afirmou que Nights of Horror havia influenciado seu comportamento, provocando indignação generalizada. O julgamento sensacionalista e a cobertura da mídia ligaram as ilustrações aos atos brutais da gangue, alimentando ainda mais os argumentos de Wertham sobre os perigos dos quadrinhos e do conteúdo lascivo.

Embora a conexão de Shuster com Nights of Horror fosse tangencial aos crimes, Wertham e seus aliados exploraram o caso para argumentar que os quadrinhos e a mídia relacionada corrompiam as mentes jovens. A ligação era, no mínimo, tênue; os crimes dos Brooklyn Thrill Killers estavam enraizados em questões sociais e psicológicas mais profundas, em vez da influência de material underground de nicho. No entanto, o incidente deu mais força à campanha de Wertham.

A campanha implacável de Wertham, amplificada pela indignação pública e pela cobertura sensacionalista da mídia, levou a audiências no Senado sobre delinquência juvenil e quadrinhos em 1954. Temendo a intervenção do governo, os editores estabeleceram o Comics Code Authority, um órgão autorregulador que impôs diretrizes rigorosas ao conteúdo dos quadrinhos. O Super-Homem e outros heróis, que já eram símbolos de moralidade, foram ainda mais higienizados para se alinharem aos novos padrões. O outrora vibrante meio dos quadrinhos entrou em um período de estagnação criativa, com os editores evitando qualquer conteúdo que pudesse atrair controvérsia.

Shuster, por sua vez, mergulhou ainda mais no obscurantismo. A mancha de sua ligação com Nights of Horror nunca foi conhecida naquela época, embora seu trabalho em Super-Homem tenha ganhado novo reconhecimento nas décadas seguintes.

Com o passar do tempo, os argumentos de Fredric Wertham foram amplamente desacreditados. Seus métodos de pesquisa revelaram-se profundamente falhos, baseados em evidências anedóticas, dados seletivos e conclusões sensacionalistas. Estudos posteriores não encontraram nenhuma ligação definitiva entre os quadrinhos e a delinquência juvenil, destacando, em vez disso, que tal comportamento geralmente derivava de fatores econômicos, familiares e sociais.

A cruzada de Wertham contra os quadrinhos pode ter nascido de uma preocupação genuína com a juventude, mas foi, em última análise, equivocada e prejudicial. Wertham não era apenas um psiquiatra com preocupações sobre a juventude, ele também demonstrava uma clara ambição de se tornar uma figura pública influente. Sua cruzada contra os quadrinhos, especialmente a publicação de Sedução do Inocente em 1954, foi estrategicamente projetada para atrair atenção nacional e consolidar sua reputação como um defensor da moralidade. Ele frequentemente fazia declarações sensacionalistas e usava argumentos chocantes para capturar o interesse da mídia e do público. Numa época marcada pelo McCarthismo e a caça as bruxas na política americana, Wertham aproveitou o crescente pânico moral da época para se colocar no centro das discussões sobre delinquência juvenil, testemunhando em audiências no Senado e aparecendo em jornais e revistas de grande circulação. Embora suas intenções possam ter sido parcialmente altruístas, o desejo de notoriedade permeava suas ações, e sua abordagem muitas vezes exagerada e desonesta sugere que ele estava tão interessado em promover sua própria fama quanto em proteger a juventude.

O Super-Homem, longe de ser uma influência corruptora, perdurou como um ícone global de virtude e inspiração. O personagem serviu como modelo para gerações, demonstrando os valores de compaixão, coragem e justiça. Da mesma forma, os crimes hediondos dos Brooklyn Thrill Killers não podem ser atribuídos de forma justa a Nights of Horror ou a qualquer outra forma de mídia; a conexão foi um bode expiatório conveniente, e não uma causa substancial.

Sua vilificação do Super-Homem e da indústria de quadrinhos sufocou a criatividade e deturpou o potencial do meio como uma força para o bem. Hoje, o Homem de Aço permanece como um testemunho do poder duradouro da narrativa e da resiliência de criadores como Jerry Siegel e Joe Shuster, cuja visão continua a inspirar o mundo.

domingo, dezembro 03, 2023

CCXP23

 Comic Con Experience 2023

#CCXP2023

Em dezembro de 2023, estive na sétima edição da Comic Con Experience, organizada pelo Omelete.com.br e pelos Chiaroscuro Studios. Realizado no São Paulo Expo Center na zona sul de São Paulo.


Tyler Hoechlin

Mark Rusell

Mat Lopes & Bilquis Evely

Quique Alcatena

Paulo Gustavo Pereira

Ivan Freitas da Costa