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segunda-feira, agosto 17, 2020

Smallville em Quadrinhos

Smallville T11 | Darkgee!

Smallville em Quadrinhos

Quase 10 anos que a série de TV Smallville chegou ao fim, mas ele continua popular nos canais de streaming (Amazon, Hulu e outros) e com o advento recente com crossover Crisis on Infinite Earths nas série DC Comics no canal CW, uma nova geração de fãs está se interessando por Smallville, por conta das cenas com Tom Welling e Erica Durance no episódio de Batwoman dentro do crossover.

Com dez temporadas exibidas, originalmente no canal TheWB e depois no canal CW, mesmo depois do seu fim a cronologia da série continuou nas páginas dos quadrinhos da DC Comics numa décima primeira temporada. E muitos fãs novos não conhecem as histórias e aventuras que os personagens da série tiveram fora da TV. Mesmo durante os dez anos na TV, Smallville já estava nos quadrinhos.

Na verdade, a primeira aparição da turma de Smallville nos quadrinhos aconteceu durante a primeira temporada e foi conseqüência de uma jogada do editor Joe Quesada da editora concorrente Marvel Comics. Após o lançamento da série em outubro de 2001 e percebendo o possível sucesso da série, Quesada fez uma proposta aos criadores da série televisiva Alfred Gough e Miles Millar de publicar histórias em quadrinhos baseadas da série. Segundo matéria publicada no Newsarama, em novembro de 2001, o time criativo imaginado por Quesada seria formado por Jeph Loeb e Mike Wieringo. Antes de aceitar a proposta, os produtores e roteiristas entraram em contato com a DC Comics, pertencente na época ao grupo AOL-Time Warner, questionando se haveria problemas negociarem com a Marvel. 

Surpreendidos com a audácia, os editores da DC pediram aos produtores que avisassem Quesada que todos os direitos de adaptação para os quadrinhos eram exclusividade da DC e que uma série já estava a caminho. Sem planos concretos para tal projeto, a DC resolveu testar a viabilidade comercial da idéia num lançamento exclusivo. Usando como a plataforma editorial a lendária revista TV Guide, Gough e Millar, com a ajuda do lendário Martin Pasko, escreveram a história "Elemental" com arte de Terry e Rachel Dodson. A edição tinha um toque magistral: quatro capas pintadas pelo artista premiado Alex Ross que formavam um mural. Publicada em 8 de dezembro de 2001, a brincadeira foi um sucesso estrondoso. Colecionadores e leitores do Super-Homem, bem como fãs da nova série televisiva encomendaram milhares de cópias. Essa história exclusiva nunca foi republicada novamente.

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TV Guide Smallville Special (8/12/2001)

Ao final da primeira temporada a DC Comics anunciou um one-shot especial com 64 páginas e com duas histórias em quadrinhos inéditas sob o título de Smallville: The Comic #1. Lançada em outubro de 2002, foi editada por Eddie Berganza, o editor dos quadrinhos regulares do Super-Homem na época, a revista incluia matérias jornalísticas sobre a série e um guia de episódios, além das histórias em quadrinhos "Raptor", escrita por Mark Verheiden e ilustrada por Allan Martinez, e "Exile and The Kingdom", escrita por Michael Green e ilustrada por John Paul Leon. Ambos roteiristas e produtores da série televisiva, Green e Verheiden escreveram histórias nos quadrinhos que faziam parte da cronologia da série de TV. A capa desse one-shot foi pintada pelo aclamado artista John Van Fleet.

Read online Smallville: The Comic comic - Issue # Full
Smallville: The Comic #1

Novamente um sucesso, dessa forma a DC decidiu finalmente fazer uma série regular no universo Smallville, publicado bimestralmente o título seguia o modelo apresentado anteriormente com histórias em quadrinhos  dentro da cronologia e artigos com matérias e artigos exlusivos. Foram 11 números publicados entre maio de 2003 e janeiro de 2005. Devido ao grande sucesso da série de TV no país, essa série chegou a ser republicada em português no Brasil pela Panini. 

Smallville Comics #1-11

Em sua grande maioria as histórias em quadirnhos eram escritas por Mark Verheiden e Clint Carpenter. Para os fãs de quadrinhos no Brasil traz um gosto especial pois a série também marcou a estréia do quadrinista brasileiro Renato Guedes no Super-Homem, antes dele alçar vôos mais altos nas revistas regulares do personagem em Action Comics e Superman.

Apesar do fim da série de TV em 2011, depois de 10 anos, a DC Comics percebeu que ainda havia espaço e mercado para os quadrinhos baseados na série e lançaram uma décima primeira temporada. Continuando de onde terminava a série, esses quadrinhos mostram o personagem de Tom Welling finalmente contracenando com outros personagens do Universo DC. Publicada entre julho de 2012 e janeiro de 2014, Smallville Season teve seus 19 números lançados digitalmente e fisicamente. Escrita em sua plenitude por  Bryan Q. Miller, roteirista da série de TV, as histórias eram divididas em arcos de 3 ou 4 partes. 

Smallville Season 11 #1-19

A partir do arco Argo (#13-14), a arte da revista melhorou consideravelmente com a entrada do artista brasileiro Daniel HDR e depois no arco Olympus (#16-19) com arte do espanhol Jorge Jimenez. Em paralelo com o título principal a DC Comics também lançou uma série de especiais a partir de 2013 e concluindo em 2014. Também com texto de Brian Q. Miller, Smallville Season 11 Special era trimestral e também contou com a arte de Daniel HDR no seu último número.

Smallville Season 11 Special #1-5

Mesmo com fim de ambos títulos, Brian Q. Miller e a DC Comics continuaram publicando Smallville em quadrinhos mensalmente em mais quatro arcos distintos de 4 partes cada: Smallville Season 11: Alien com arte do mexicano Edgar Salazar; Smallville Season 11: Lantern com arte do brasileiro Marcio Takara; Smallville Season 11: Chaos com desenhos de Daniel HDR e Marcelo Di Chiara; Smallville Season 11:  Continuity com arte do brasileiro Ig Guara. As capas pintadas ficaram a cargo de talentosa artista americana Cat Staggs.

Smallville Season 11 Comics (2014-2015)

Para o fã e leitor brasileiro que não acompanha os quadrinhos originais americanos, Smallville pode parecer ter acabado faz muito tempo, o que está longe verdade, Smallville e suas aventuras continaram por mais de 5 anos depois que os episódios de TV chegaram ao fim. Os encardenados com da décima temporada continuam sendo republicados, bem como a fase original. E com o advento do streaming, novos fãs começam a conhecer série sobre a juventure do Super-Homem que durou 10 anos.

Superman artist Renato Guedes

Smallville artist Daniel HDR

Smallville artist Marcio Takara


Smallville artist Ig Guara









domingo, dezembro 11, 2016

Loucos por Séries #41: DC Comics no Warner Channel

Loucos por Séries #41: DC Comics no Warner Channel

Em novembro de 2016, estive nos estúdios do Guia Vivo TV gravando para o programa Loucos por Séries, com o jornalista Paulo Gustavo Pereira e o cosplayer/blogger Thiago Maldonado, para comentar as séries DC Comics no Warner Channel.


Fabio Marques, Paulo Gustavo Pereira e Thiago Maldonado




Vídeo: Loucos por Séries #41 


Fabio Marques, Paulo Gustavo Pereira e Thiago Maldonado

segunda-feira, julho 22, 2013

O Homem de Aço na TV Geração Z

No dia a estréia do filme no Brasil, 12 de Julho de 2013, tive a oportunidade de participar do programa Movie Business da TV Geração Z e pude conversar com Rogério Victorino e Paulo Gustavo Pereira sobre o filme O Homem de Aço que acaba se sair nos cinemas. Divirtam-se!

quinta-feira, fevereiro 09, 2012

Smallville: A Décima Primeira Temporada em quadrinhos!

A DC anunciou hoje a décima primeira temporada de Smallville em quadrinhos, escrita por um dos antigos roteiristas da série Bryan Q. Miller, desenhada Pere Perez e colorizada por Chris Beckett, a nova série de quadrinhos será digital e semanal sendo publicada digitalmente a partir de 13 de abril. Em seguida será publicada em papel em uma coleção que acompanhará um guia dos episódios originais da série de TV a partir de 16 de maio.

O novo gibi continuará de onde o seriado parou, ou seja, Clark Kent é agora o Super-Homem, a série irá mostrar o que aconteceu com Lois Lane, Chloe Sullivan, Oliver Queen, Lex Luthor e o General Lane. As capas das edições digitais serão desenhadas por Cat Staggs e a capa da coleção impressa será feita por Gary Frank.

Seis meses depois que Clark Kent assume a capa e salva a Terra de ser destruída por Apokolips, começa a décima temporada. Com novos aliados, novos inimigos e velhos amigos retornando onde se menos espera. Os artistas irão reproduzir o visual do show e os personagens terão feições similares aos atores da série de TV. O propósito do novo gibi é mostrar o primeiro ano do Super-Homem.

A DC Comics ainda não anunciou quanto custará cada edição da história na versão digital e nem na versão impressa, agora é aguardar por novidades em breve, mas pela imagem da primeira capa acima, esse "novo" Super-Homem terá um uniforme diferente ao apresentado no seriado, e mais similar com o que o personagem tem atualmente nos gibis atuais da DC.

segunda-feira, outubro 10, 2011

Claquete: Final de Smallville e o Super-Homem


Claquete: Final de Smallville e o Super-Homem

Com a exibição do último episódio da décima temporada de Smallville pelo canal americano CW, a Best Radio Brasil apresentou em 19 de maio de 2011, um bloco especial do programa Claquete sobre o final da série. O apresentador Paulo Maffia e Fabio Marques bateram um papo sobre a série, a criação do Super-Homem e o que o futuro reserva para o Homem de Aço.

quinta-feira, agosto 18, 2011

Loucos por Séries: 10 anos de Smallville



Loucos por Séries: 10 anos de Smallville

Com a exibição do último episódio da décima temporada de Smallville pelo Warner Channel, o canal ImagineTV da TVA , apresentou em julho de 2011, um especial do programa Loucos por Séries em celebração dos 10 anos de Smallville. O apresentador Paulo Gustavo Pereira e Fabio Marques fizeram uma retrospectiva da série que narrou as aventuras e do amadurecimento do jovem Clark Kent como o Super-Homem.

segunda-feira, julho 27, 2009

Look in the Yellow Pages under "S."



Superboy: Voando para Fora dos Quadrinhos

Smallville não é a primeira aventura do jovem Clark Kent fora dos quadrinhos, mas com certeza é a empreitada mais bem-sucedida. Em 1961, Whitney Ellsworth, editor da DC Comics e produtor da clássica série de TV com George Reeves, as Aventuras do Super-Homem (The Adventures of Superman, 1953-1957), desenvolveu o piloto Rajah’s Ransom baseado na história The Saddest Boy in Smallville, da revista Superboy #88 (abril de 1961) que seria o primeiro de uma série preliminar de doze episódios.

Escrito por Vernon E. Clark e pelo próprio Ellsworth e filmado apenas em três dias, o piloto narra um dia ensolarado na vida do jovem Clark Kent, na Smallville High School, ao lado de sua namorada Lana Lang. A trama foca na vergonha que um colega de classe de Clark sente pela profissão de seu pai, porteiro do teatro da cidade. Interpretado por John Rockwell, na época com 23 anos, Clark não era tão tímido e pacato como sua inspiração dos quadrinhos. Da mesma forma que George Reeves fez na primeira série de TV do Super-Homem, Rockwell trouxe elegância e presença de palco para a identidade secreta do Superboy. Escolhida a dedo por Ellsworth, Bunny Healing ganhou o papel de Lana Lang. Diferente de todas as versões posteriores e de sua versão original nos quadrinhos, essa Lana já aparece como namorada de Clark, mas, obviamente não sabe de sua vida dupla - apenas a mãe do herói, a viúva Martha Kent (Monty Margetta), divide o segredo com o filho.

Apesar do esforço de Ellswroth, o piloto nunca foi ao ar e os demais episódios da série , apesar de escritos, não foram produzidos. O motivo da recusa foi puramente comercial. No verão de 1962, a Kellogs, que patrocinava a série com George Reeves, declarou que não tinha interesse no seriado do Superboy, pois ainda estava lucrando muito com as reprises da série do Super-Homem. Isso frustou as tentativas de Ellsworth de produzir uma continuação para As Aventures do Super-Homem, mas não o excluiu das adaptações de quadrinhos, já que ele foi consultor da série Batman com Adam West e Burt Ward.

Em 1966, o Superboy, finalmente chegou às telas de TV, na série animada da Filmation As Novas Aventuras do Super-Homem. Com animações sofríveis, o desenho apresentava dois segmentos distintos: o primeiro com as aventuras do Homem de Aço em Metrópolis e o segundo com as peripécias do Garoto de Aço e Krypto, o Super-Cão, em Smallville. Produzidos por Lou Scheimer, Norm Prescott e Allen Duconvy, os episódios eram baseados diretamente nos quadrinhos da época e apresentavam histórias escritas pelo editor da revistas em quadrinhos do Super-Homem Mort Weisinger e desenhos inspirados nos artistas Wayne Boring e Curt Swan.

Esse desenho animado chegou ao Brasil nos anos 60 quando foi exibido pela TV Paulista (atual Rede Globo) no famoso progrma Zaz-Traz. Nos anos 80, como parte do acervo comprado pelo SBT, essa série passou por todos os programas infantis da rede paulista e nos anos 90, foi atração matinal do canal por assinatura Warner Channel.


Passados 22 anos, o Superboy volta às telinhas. Buscando repetir o sucesso da série cinematográfica do Super-Homem, os produtores dos três primeiros filmes com Christopher Reeve e do filme Supergirl, Ilya e Alexander Salkind produziram a série de TV Superboy com John Haymes Newton no papel duplo de Clark Kent e Superboy. Usando altos recursos em efeitos visuais o primeiro ano da série teve 26 episódios e narrava as aventuras de Clark, Lana Lang (Stacy Haiduk) e T.J. White (James Calvert), filho de Perry White, na Shuster University, em Smallville. Contando com a participação do jovem Lex Luthor interpretado por Scott Wells, a série foi um prato cheio para os fãs dos quadrinhos.

Desenvolvidos por aclamados escritores e editores da própria DC Comics, os roteiros dessa série foram sem dúvida uns dos retratos mais fiéis do Super-Homem fora dos quadrinhos. O seriado contou com histórias escritas por lendas da indústria dos quadrinhos: Mike Carlin, Andy Helfer, Denny O’Neil, Cary Bates, Mark Evanier, Stan Berkowitz, John Francis Moore e J. DeMatteis, entre outros. O próprio David Nutter, diretor do episódio piloto de Smallville e das séries Arquivos X e Millenium, chegou a dirigir três episódios dessa série.

Apesar do sucesso, o segundo ano teve várias mudanças, a começar pelo personagem principal. Com a imagem suja por ter cometido várias infrações de transito embriagado e pedindo aumentos de salário absurdos, John Haymes Newton foi substituído por Gerard Christopher. O personagem T.J. White foi cancelado, e no seu lugar, surgiu Andy McAllister (Ian Mitchell-Smith), um estudante oportunista. Lex Luthor também foi remodelado. Interpretado por Sherman Howard, que usou uma pesada maquiagem, dexaindo-o 20 anos mais velho, Luthor passou a ser um adulto e a série recebeu um novo nome: The Adventures of Superboy.

Mesmo com tantas alterações, a série continuou a ter uma boa audiência e um terceiro ano foi encomendado. Profetizando a série Arquivo X, Clark e Lana deixam a universidade e se tornam internos do Bureau for Extraordinary Matters (Departamento de Assuntos Extraordinários) em Capitol City. Nessa agência governamental, eles investigam estranhos fenômenos paranormais. Apesar de, cada vez mais apresentar participações menores do Superboy, a série continua a fazer sucesso moderado e um quarto e último ano é produzido. Ao todo, 100 episódios foram exibidos e a série é cancelada em 1992 por dois motivos: o fim da licença de uso dos Salkind e a proposta da Lorimar Television para a série Lois & Clark: As Novas Aventuras do Superman. Para muitos especialistas de televisão, o segredo que fez essa série resistir por tantos anos e por tantas mudanças mesmo com uma audiência moderada foi a presença da belíssima Stacy Haiduk, (SeaQuest DSV) no papel de Lana Lang.

No Brasil, a série Superboy foi exibida nos programas infantis do SBT em 1992 e foi anunciada em 1994, como uma nova atração pela Rede Record, mas nenhum episódio foi exibido até hoje.

Fabio Marques
Publicada originalmente na Revista
SCI-FI NEWS #60, outubro de 2002

segunda-feira, abril 27, 2009

Can I answer that in about five years?



Smallville: Construindo um novo Super-Homem


Com um sucesso cada vez mais crescente, a série Smallville, exibida pelo TheWB! e agora pelo SBT, ganha novos fãs e mostra que foi no passado das histórias em quadrinhos que os produtores buscaram sua maior fonte de referência para o seriado, como analisa para a revista SFN Fabio Marques, um dos grandes conhecedores da vida do Homem de Aço dentro e fora das telas.


Muito já foi dito e escrito sobre as vantagens e desvantagens de cada um dos universos DC, o anterior ou o posterior à Crise Nas Infinitas Terras, a série histórica da editora americana que reformulou e reestruturou o universo de seus super-heróis. Atualmente há um movimento nostálgico que mescla elementos do universo pré-Crise nas histórias atuais do Super-Homem. Foi nesse prisma que foi criada a série Smallville, que narra a vida de Clark Kent durante sua adolescência na pequena cidade do Kansas. Antes de ele se tornar o Super-Homem em Metrópolis. Algo como o Episódio I do Homem de Aço. A série, que é recordista absoluta de audiência em toda a história do canal norte-americano TheWB!, o mesmo que exibe Charmed e Dawson’s Creek, apresenta um personagem mais humano. Muito semelhante, inclusive, ao visto na minissérie Superman For All Seasons, escrita por Jeph Loeb em 1998 e, declaradamente, inspirado nas cenas da adolescência do herói mostradas no filme Superman, de Richard Donner.

Assim que chegou às telinhas, muitos fãs de quadrinhos caíram “matando” sobre a série, clamando que as histórias narradas não batiam com as histórias que eles conheciam dos quadrinhos, que muitos dos conceitos empregados lá eram blasfêmias. Sob um certo ponto de vista, esses leitores de quadrinhos estão certos, pois o Super-Homem que hoje habita as revistas em quadrinhos desde 1986, não conheceu Lex Luthor durante sua adolescência, definitivamente nunca foi amigo de Clark Kent como é narrado em Smallville. Isso tudo, contudo, é válido apenas nos quadrinhos publicados de 1986 para cá, pois na versão pré-Crise, tudo isso é verdade.

Desde sua primeira revista, em 1938, o Super-Homem teve várias origens e diferentes cronologias, da mesma forma que teve o vilão Lex Luthor. A primeira versão do Luthor, data de maio de 1940, na revista Action Comics #23, nessa história ele não era careca, na verdade, tinha uma vasta cabeleira ruiva e ele não era ainda o arquiinimigo do Homem de Aço, ele era apenas um cientista genial que planejava desafiar o super-herói com testes físicos e mentais apenas para provar sua superioridade. Até então aquele ainda era o primeiro encontro entre os dois. Exato um ano depois, na revista Superman #10 (maio de 1941), Luthor resurge, mas dessa vez totalmente careca.

Durante esses primeiros confrontos pouco era sabido sobre as origens e os motivos de seu ódio em relação ao Super-Homem. Mas com chegada dos anos 60, o Super-Homem começou a passar por pequenas correções e reformulações, e os editores acharam interessante contar como tudo começou. Assim na revista Adventure Comics #271 (abril de 1960), a origem do Luthor foi finalmente explicada: na sua juventude, ele era um fazendeiro em Smallville que vivia a sombra de seu pai e sonhava em se tornar um cientista. Ele era muito amigo do Superboy e colega de Clark Kent, mas não conhecia a segredo da dupla identidade. A amizade de ambos começou quando Luthor salvou a vida do Superboy dos efeitos de um meteoro de kryptonita. Em retribuição, o Superboy monta um pequeno laboratório para seu novo amigo.

Na tentativa de agradecer o gesto e selar a amizade, o jovem Luthor resolve desenvolver um antídoto para a kryptonita. Durante um dia inteiro ele se esmera na tarefa e tem sucesso, mas, por acidente, ele esbarra num frasco com ácido e incendeia o laboratório. Desesperado ele grita por socorro. O Garoto de Aço, em patrulha sobre Smallville, escuta o chamado e, com o seu super-sopro, apaga as chamas, porém mistura a fumaça com o antídoto de kryptonita. Quando a poeira assenta, Luthor está careca e enfurecido. Ele culpa o Superboy pelo ocorrido dizendo que o herói adolescente tinha inveja de sua inteligência. O Superboy pede desculpas, dizendo que foi um trágico acidente, mas isso não convence Luthor, que, obviamente, jura vingança eterna.



Em cada nova história narrada nas revistas do Superboy, depois dessa versão para a origem de Luthor, o vilão era mostrado como um grande cientista e um gênio que poderia usar seus dons para o bem da humanidade, mas, por sua formação e por causa do acidente, transformou-se numa constante ameaça. Na revista Superman #292 (outubro de 1975), numa história em flashback, o Super-Homem relembra sua amizade com o jovem Luthor e pondera como a formação rígida e a criação restritiva do pai de Luthor podem ter causado o desvio no seu comportamento.

A versão atual de Lex Luthor, criada por Marv Wolfman e John Byrne no pós-Crise, lançou mão de um artifício totalmente original para o personagem. Luthor não era mais um vilão, mas um milionário que deseja manter o controle e o poder da cidade de Metrópolis. Órfão de pai e mãe, Luthor construiu sua riqueza em cima de seus talentos científicos no desenvolvimento de artefatos bélicos para o governo americano e com sua capacidade de manipular as pessoas. Nessa versão, Luthor é responsável (direta ou indiretamente) por mais da metade dos empregos de sua cidade e fica furioso quando os cidadãos metropolitanos começam a dedicar mais atenção ao seu novo campeão: o Super-Homem. Novamente, os motivos de Luthor são a inveja e o ciúme do Super-Homem.

Para compor o jovem Lex Luthor da série Smallville, os produtores Miles Millar e Alfred Gough fizeram uma mistura de todas essas versões. Da mesma forma que a versão pré-Crise esse Luthor perdeu os cabelos devido a um acidente com kryptonita “provocado” pelo herói kryptoniano e tem um pai castrador que o impede de perseguir seus sonhos. Lionel Luthor, o seu pai no seriado, é um milionário poderoso como o Lex do universo pós-Crise. O novo Luthor interpretado por Michael Rosenbaum também sente inveja e ciúmes de Clark Kent - não devido aos seus poderes, mas pelo carinho e amor que os Kents dedicam ao seu filho adotivo.

Jonathan (John Schneider) e Martha Kent (Anette O’Toole) são peças fundamentais da série Smalville e da mitologia do Super-Homem. Desde a sua versão original, apesar de todos os poderes e de tudo que ele podia fazer, o maior poder do Super-Homem sempre foi seu conhecimento instintivo do certo e do errado. E isso não é um presente de sua origem kryptoniana, mas um dom ensinado por seus pais humanos. O que tornou o Super-Homem interessante e tão popular por mais de 60 anos, não foi o “Super”, mas o “Homem”. Esse homem só veio a ser o que é graças a formação sólida e amável dada pelo casal Kent. No universo pré-Crise antes da criação do Superboy, Clark Kent havia perdido seus pais, Eben e Sarah Kent, por volta dos 20 anos e só então, com a morte deles, decide se tornar o Homem de Aço.

Nas antigas histórias do Superboy, Martha e Jonathan foram os principais incentivadores de sua vida como super-herói, para eles seus poderes eram para serem usados com sabedoria e correção. Dessa mesma forma, o Super-Homem dos quadrinhos atuais utiliza o alento de seus pais antes de tomar qualquer decisão difícil. Em Smallville, a série passa a atrair espectadores adultos por essa distinção que a faz lembrar muito a série Seventh Heaven. Bem diferente das outras séries adolescentes da atualidade que mostram os pais tão confusos quanto os filhos.

Outros personagens que migraram dos quadrinhos e estão presentes na série para ajudar e aconselhar o jovem Clark são seus amigos Pete Ross e Lana Lang. Ross é um personagem que não existia nas primeiras histórias do Homem de Aço, mas depois que foi criado em Superboy #86 (janeiro de 1961) passou a ter um papel importante na vida do jovem herói, tanto que ele se tornou o melhor amigo de Clark Kent e foi o único que soube o segredo da dupla identidade - apesar de até o fim do universo pré-Crise, o Homem de Aço nunca ter desconfiado disso. O mesmo deve acontecer no segundo ano da série Smallville, que começará em setembro nos EUA.

Alguns fãs reclamam da nova aparência física de Pete Ross na série, já que, nos quadrinhos, ele sempre foi ruivo, na série, ele é interpretado pelo ator negro Sam Jones III. Nas histórias pós-Crise, Pete continuou sendo o melhor amigo mas perdeu o privilégio de conhecer o segredo do herói para Lana Lang, com quem casou, recentemente, nos quadrinhos (Action Comics #700). Lana, só foi criada para suprir uma necessidade dos quadrinhos do Superboy, e no começo não passava de uma versão ruiva de Lois Lane, criada pelos editores para atazanar a vida de Clark Kent e Superboy.

Interpretada pela belíssima atriz canadense Kristin Kreuk, a Lana Lang da série Smallville faz o tipo boa moça do interior em contraste com a personalidade explosiva de Lois Lane, que na série Smallville, não aparece, mas tem uma réplica na melhor amiga de Clark Kent, Chloe Sullivan (Allison Mack), a editora do jornal estudantil.

Chloe além de ser da imprensa como Lois, ela é a mais incrédula e inteligente do grupo. São delas os comentários mais sagazes e as tiradas mais inteligentes, para ela todas as esquisitices da pequena cidade tem uma única origem: a chuva de meteoros que acompanhou a nave do pequeno Clark até Smallville. Os meteoritos de kryptonita cobriram a superfície do local e a radioatividade deles provocam todos os tipos de mutações. A maioria dos “vilões” da série são frutos desse ambiente diferente, mas para Clark o fragmento que o perturba mais é aquele que Lana carrega como pingente em homenagem aos seus pais. Como não podia deixar de ser, isso também teve origem numa outra versão do Garoto de Aço. No episódio The Great Kryptonite Caper, o último da série de desenhos animados produzidos pela Filmation Studios em 1966, Lana Lang também usa um colar de kryptonita.

Em contra-partida a essas incontáveis referências as encarnações prévias do Homem de Aço, Smallville consegue ser totalmente original com o seu personagem principal. Interpretado por Tom Welling, esse Clark Kent é com certeza a melhor caracterização que o Super-Homem já teve em toda história. Ao mesmo tempo que se mostra inseguro e confuso como a maioria dos adolescentes, Welling foi capaz de trazer um charme de garoto do interior que o personagem só teve quando foi interpretado por Christopher Reeve no cinema. Pela primeira vez em toda sua história Clark seus poderes tiveram um preço alto, toda a infelicidade e a destruição que a chuva de meteoros provocou-lhe a sensação de culpa ao ser abençoado. Esse sentimento transforma-se em uma força interior para salvar o dia. E, nessas cenas, é possível perceber no seu olhar a mesma determinação que o personagem tinha quando foi interpretado pelo lendário George Reeves na primeira série televisiva do personagem. Afinal independente das várias versões já vistas, ainda estamos falando do maior herói do planeta.

Fabio Marques
www.super-homem.com
Publicada originalmente na Revista SCI-FI NEWS #59, setembro de 2002

terça-feira, janeiro 20, 2009

And maybe I'll give Pete Ross a call...


Superman For All Seasons

Escrita por Jeph Loeb
Desenhada por Tim Sale
Colorida por Bjarne Hansen
Leterizada por Richard Starkings
Minissérie mensal em quatro partes publicada pela DC Comics entre julho e outubro de 1998.

Vencedora do Comics Buyers Guide Fan Awards de 1998: Série Limitada Favorita e História em Quadrinhos Favorita.
Vencedora do Wizard Fan Awards de 1998: Minissérie ou Especial e Letrista Favorito para Richard Starkings e Comicraft; Indicada para Colorista Favorito (Bjarne Hansen)
Vencedora do Will Eisner Awards de 1999: Melhor Artista/Arte-Finalista em 1999 (Tim Sale); Indicada a Melhor Série Limitada (Jeph Loeb e Tim Sale), Melhor Escritor (Jeph Loeb) e Melhor Colorista (Bjarne Hansen).

Republicada na língua portuguesa em quatro partes quinzenais pela Editora Abril entre setembro e outubro de 1999 sob o título Super-Homem - As Quatro Estações e novamente republicada na língua portuguesa em formato encadernado pela Panini Comics Brasil em julho de 2006 sob o título Grandes Clássicos DC #8: Superman - As Quatro Estações.



Gibi de Gente Grande

No Brasil, ao contrário de outros países, as histórias em quadrinhos ainda são consideradas um passatempo exclusivamente infantil. As editoras nacionais não conseguiram transformar as crianças e os adolescentes dos anos 80 em consumidores adultos da década de 90. Por sua vez, nos Estados Unidos, desde meados dos anos 70, a média de idade dos leitores vem aumentando. Para atender a esse novo perfil, foram produzidas séries complexas como Watchmen de Alan Moore e Dave Gibbons, e Batman, o Cavaleiro das Trevas de Frank Miller, cujo sucesso inspirou, a DC Comics a criar a linha Vertigo, destinada a publicações mais maduras. No entanto, a editora relutava em submeter à mesma abordagem o seu ícone mais relevante, o Super-Homem. 

As coisas começaram a mudar em 1996 com o lançamento de Reino do Amanhã de Mark Waid e Alex Ross. O que, no início, parecia ser uma aventura da Liga da Justiça acabou se revelando uma saga emblemática do Homem de Aço. No entanto, não era o herói a que estamos acostumados. Tratava-se de um personagem mais profundo, humano... e mais maduro. Por fim, o primeiro e maior super-herói mostrava-se capaz de um enfoque mais complexo. O caminho, então, havia sido traçado. Bastava agora novos talentos para seguir por ele.

Em 1997, a DC deixou o Kryptoniano em banho-maria enquanto aguardava seu sexagésimo aniversário no ano seguinte. A espera não foi em vão. Em meados de 1998, foi lançado Superman Forever (Super-Homem Eternamente) com capa lenticular de Alex Ross contando a volta do antigo uniforme. Ainda no mesmo ano, às vésperas do natal, o próprio Ross com ajuda do escritor Paul Dini, lançou Superman – Peace on Earth (Super-Homem –  Paz na Terra), narrando a frustada tentativa do Homem de Aço em acabar com a fome do mundo. Esse álbum, em formato gigante com encadernação luxuosa, foi claramente voltado para o público adulto. 

Os esforços da DC no sentido de dar relevância ao herói não pararam por aí. Os leitores também puderam acompanhar a série mais profunda que o herói já teve desde sua origem, Superman – For All Seasons de Jeph Loeb e Tim Sale, os mesmos de Batman: O Longo Dia das Bruxas. No Brasil, a mini-série chega em setembro pela Editora Abril, batizada como o título Super-Homem – As Quatro Estações.

A trama, como o próprio nome diz, se dá em quatro estações durante seus primeiros anos da carreira do herói – uma estação para cada edição quinzenal narrada por um dos coadjuvantes da família do Super-Homem. Jonathan Kent, seu pai adotivo, relata, no primeiro episódio, a última primavera de Clark Kent em Pequenópolis. Ele é um jovem assustado e confuso, mas dotado de poderes quase ilimitados. A segunda edição é narrada pelo ponto de vista de Lois Lane e aborda o primeiro verão do herói em Metrópolis. O destaque, porém, é o complicado triângulo amoroso formado pela repórter, Clark e o Super-Homem. A história ganha toques mais dramáticos em sua terceira parte, narrada pelo vilão Lex Luthor, que naquele outono glorioso, humilha o Homem de Aço. Após estes acontecimentos frustrantes, Clark volta a Pequenópolis em busca do apoio de seus pais. Lá acaba reencontrando Lana Lang. 

O roteiro sóbrio de Jeph Loeb confere um tom reverente e um caráter mítico à história. Declaradamente influenciado por Alan Moore e Elliot S. Maggin, dois dos maiores escritores que o herói já teve, ele faz da série uma homenagem às aventuras clássicas do Homem de Aço, inclusive com referências a Superman: O Filme (1978) do diretor Richard Donner. A arte, assinada por Tim Sale, está de cair o queixo. De tantos detalhes, é possível à cada nova leitura reconhecer um novo mérito do desenhista. Ao retratar Pequenópolis de uma maneira bucólica e nostálgica, Sale certamente se inspirou no artista Norman Rockwell. Sua Metrópolis consegue ter ao mesmo tempo um ar futurista, mesclado a um estilo art-deco. A grande surpresa da série, porém, fica por conta do colorista dinamarquês Bjarne Hansen. Inicialmente contratado para fazer apenas as capas, acabou por realizar um trabalho magnífico em todas páginas. Raramente visto pintando quadrinhos, Hansen dedica-se a ilustrar campanhas publicitárias para grandes agências, capas de livros, pôsteres livros infantis. Atualmente, tem trabalhado com fundos para animação. Em Super-Homem – As Quatro Estações, ele abusa de tons pastéis para definir as estações do ano, os sentimentos dos personagens e principalmente o clima da série.

Super-Homem – As Quatro Estações teve o reconhecimento do público e da crítica especializada, recebendo vários prêmios, entre os quais o inglês National Comic Award de Melhor Romance Gráfico de 1999. Foi também considerada a série limitada favorita dos leitores da revista Wizard e obteve o maior número de indicações para o Prêmio Eisner deste anos – Melhor Série Limitada, Melhor Escritor, Melhor Desenhista/Finalista e Melhor Colorista. O sucesso da série foi tão grande que a DC estará lançando uma versão encadernada em breve, com arte inédita de Sale e Hansen.

A série também marca o início de uma nova era na vida do Super-Homem. Após anos, roteirizando as principais histórias do herói, Dan Jurgens será substituído no final desse ano nos EUA. Jeph Loeb foi escolhido para dar um rumo mais maduro às suas aventuras. Além disso, a DC Comics está traçando planos ambiciosos para o início de 2001. An Evening with Superman (Uma Noite com Super-Homem) será um álbum em formato especial, com 120 páginas, narrando como Lois Lane se apaixonou pelo Super-Homem. O lendário artista de Conan, o inglês Barry Windsor-Smith, responde por toda produção, escrevendo, desenhando e colorindo como fez com as edições de StoryTeller que produziu para a editora Dark Horse. Nada mal para um personagem que muitos ainda insistem em ver como coisa de criança.

Fabio Alexandre Rocha Marques

Artigo publicado originalmente na revista mensal HQ Express #3 da Via Lettera Editora em Novembro de 1999.