sexta-feira, fevereiro 08, 2019
MIS: Super-Homem 80 anos
quinta-feira, agosto 18, 2011
Loucos por Séries: 10 anos de Smallville
Loucos por Séries: 10 anos de Smallville
Com a exibição do último episódio da décima temporada de Smallville pelo Warner Channel, o canal ImagineTV da TVA , apresentou em julho de 2011, um especial do programa Loucos por Séries em celebração dos 10 anos de Smallville. O apresentador Paulo Gustavo Pereira e Fabio Marques fizeram uma retrospectiva da série que narrou as aventuras e do amadurecimento do jovem Clark Kent como o Super-Homem.
segunda-feira, julho 27, 2009
Look in the Yellow Pages under "S."

Superboy: Voando para Fora dos Quadrinhos
Smallville não é a primeira aventura do jovem Clark Kent fora dos quadrinhos, mas com certeza é a empreitada mais bem-sucedida. Em 1961, Whitney Ellsworth, editor da DC Comics e produtor da clássica série de TV com George Reeves, as Aventuras do Super-Homem (The Adventures of Superman, 1953-1957), desenvolveu o piloto Rajah’s Ransom baseado na história The Saddest Boy in Smallville, da revista Superboy #88 (abril de 1961) que seria o primeiro de uma série preliminar de doze episódios.
Escrito por Vernon E. Clark e pelo próprio Ellsworth e filmado apenas em três dias, o piloto narra um dia ensolarado na vida do jovem Clark Kent, na Smallville High School, ao lado de sua namorada Lana Lang. A trama foca na vergonha que um colega de classe de Clark sente pela profissão de seu pai, porteiro do teatro da cidade. Interpretado por John Rockwell, na época com 23 anos, Clark não era tão tímido e pacato como sua inspiração dos quadrinhos. Da mesma forma que George Reeves fez na primeira série de TV do Super-Homem, Rockwell trouxe elegância e presença de palco para a identidade secreta do Superboy. Escolhida a dedo por Ellsworth, Bunny Healing ganhou o papel de Lana Lang. Diferente de todas as versões posteriores e de sua versão original nos quadrinhos, essa Lana já aparece como namorada de Clark, mas, obviamente não sabe de sua vida dupla - apenas a mãe do herói, a viúva Martha Kent (Monty Margetta), divide o segredo com o filho.
Apesar do esforço de Ellswroth, o piloto nunca foi ao ar e os demais episódios da série , apesar de escritos, não foram produzidos. O motivo da recusa foi puramente comercial. No verão de 1962, a Kellogs, que patrocinava a série com George Reeves, declarou que não tinha interesse no seriado do Superboy, pois ainda estava lucrando muito com as reprises da série do Super-Homem. Isso frustou as tentativas de Ellsworth de produzir uma continuação para As Aventures do Super-Homem, mas não o excluiu das adaptações de quadrinhos, já que ele foi consultor da série Batman com Adam West e Burt Ward.
Em 1966, o Superboy, finalmente chegou às telas de TV, na série animada da Filmation As Novas Aventuras do Super-Homem. Com animações sofríveis, o desenho apresentava dois segmentos distintos: o primeiro com as aventuras do Homem de Aço em Metrópolis e o segundo com as peripécias do Garoto de Aço e Krypto, o Super-Cão, em Smallville. Produzidos por Lou Scheimer, Norm Prescott e Allen Duconvy, os episódios eram baseados diretamente nos quadrinhos da época e apresentavam histórias escritas pelo editor da revistas em quadrinhos do Super-Homem Mort Weisinger e desenhos inspirados nos artistas Wayne Boring e Curt Swan.
Esse desenho animado chegou ao Brasil nos anos 60 quando foi exibido pela TV Paulista (atual Rede Globo) no famoso progrma Zaz-Traz. Nos anos 80, como parte do acervo comprado pelo SBT, essa série passou por todos os programas infantis da rede paulista e nos anos 90, foi atração matinal do canal por assinatura Warner Channel.
Passados 22 anos, o Superboy volta às telinhas. Buscando repetir o sucesso da série cinematográfica do Super-Homem, os produtores dos três primeiros filmes com Christopher Reeve e do filme Supergirl, Ilya e Alexander Salkind produziram a série de TV Superboy com John Haymes Newton no papel duplo de Clark Kent e Superboy. Usando altos recursos em efeitos visuais o primeiro ano da série teve 26 episódios e narrava as aventuras de Clark, Lana Lang (Stacy Haiduk) e T.J. White (James Calvert), filho de Perry White, na Shuster University, em Smallville. Contando com a participação do jovem Lex Luthor interpretado por Scott Wells, a série foi um prato cheio para os fãs dos quadrinhos.
Desenvolvidos por aclamados escritores e editores da própria DC Comics, os roteiros dessa série foram sem dúvida uns dos retratos mais fiéis do Super-Homem fora dos quadrinhos. O seriado contou com histórias escritas por lendas da indústria dos quadrinhos: Mike Carlin, Andy Helfer, Denny O’Neil, Cary Bates, Mark Evanier, Stan Berkowitz, John Francis Moore e J. DeMatteis, entre outros. O próprio David Nutter, diretor do episódio piloto de Smallville e das séries Arquivos X e Millenium, chegou a dirigir três episódios dessa série.
Apesar do sucesso, o segundo ano teve várias mudanças, a começar pelo personagem principal. Com a imagem suja por ter cometido várias infrações de transito embriagado e pedindo aumentos de salário absurdos, John Haymes Newton foi substituído por Gerard Christopher. O personagem T.J. White foi cancelado, e no seu lugar, surgiu Andy McAllister (Ian Mitchell-Smith), um estudante oportunista. Lex Luthor também foi remodelado. Interpretado por Sherman Howard, que usou uma pesada maquiagem, dexaindo-o 20 anos mais velho, Luthor passou a ser um adulto e a série recebeu um novo nome: The Adventures of Superboy.
Mesmo com tantas alterações, a série continuou a ter uma boa audiência e um terceiro ano foi encomendado. Profetizando a série Arquivo X, Clark e Lana deixam a universidade e se tornam internos do Bureau for Extraordinary Matters (Departamento de Assuntos Extraordinários) em Capitol City. Nessa agência governamental, eles investigam estranhos fenômenos paranormais. Apesar de, cada vez mais apresentar participações menores do Superboy, a série continua a fazer sucesso moderado e um quarto e último ano é produzido. Ao todo, 100 episódios foram exibidos e a série é cancelada em 1992 por dois motivos: o fim da licença de uso dos Salkind e a proposta da Lorimar Television para a série Lois & Clark: As Novas Aventuras do Superman. Para muitos especialistas de televisão, o segredo que fez essa série resistir por tantos anos e por tantas mudanças mesmo com uma audiência moderada foi a presença da belíssima Stacy Haiduk, (SeaQuest DSV) no papel de Lana Lang.
No Brasil, a série Superboy foi exibida nos programas infantis do SBT em 1992 e foi anunciada em 1994, como uma nova atração pela Rede Record, mas nenhum episódio foi exibido até hoje.
segunda-feira, abril 27, 2009
Can I answer that in about five years?

Smallville: Construindo um novo Super-Homem
Com um sucesso cada vez mais crescente, a série Smallville, exibida pelo TheWB! e agora pelo SBT, ganha novos fãs e mostra que foi no passado das histórias em quadrinhos que os produtores buscaram sua maior fonte de referência para o seriado, como analisa para a revista SFN Fabio Marques, um dos grandes conhecedores da vida do Homem de Aço dentro e fora das telas.
Assim que chegou às telinhas, muitos fãs de quadrinhos caíram “matando” sobre a série, clamando que as histórias narradas não batiam com as histórias que eles conheciam dos quadrinhos, que muitos dos conceitos empregados lá eram blasfêmias. Sob um certo ponto de vista, esses leitores de quadrinhos estão certos, pois o Super-Homem que hoje habita as revistas em quadrinhos desde 1986, não conheceu Lex Luthor durante sua adolescência, definitivamente nunca foi amigo de Clark Kent como é narrado em Smallville. Isso tudo, contudo, é válido apenas nos quadrinhos publicados de 1986 para cá, pois na versão pré-Crise, tudo isso é verdade.
Desde sua primeira revista, em 1938, o Super-Homem teve várias origens e diferentes cronologias, da mesma forma que teve o vilão Lex Luthor. A primeira versão do Luthor, data de maio de 1940, na revista Action Comics #23, nessa história ele não era careca, na verdade, tinha uma vasta cabeleira ruiva e ele não era ainda o arquiinimigo do Homem de Aço, ele era apenas um cientista genial que planejava desafiar o super-herói com testes físicos e mentais apenas para provar sua superioridade. Até então aquele ainda era o primeiro encontro entre os dois. Exato um ano depois, na revista Superman #10 (maio de 1941), Luthor resurge, mas dessa vez totalmente careca.
Durante esses primeiros confrontos pouco era sabido sobre as origens e os motivos de seu ódio em relação ao Super-Homem. Mas com chegada dos anos 60, o Super-Homem começou a passar por pequenas correções e reformulações, e os editores acharam interessante contar como tudo começou. Assim na revista Adventure Comics #271 (abril de 1960), a origem do Luthor foi finalmente explicada: na sua juventude, ele era um fazendeiro em Smallville que vivia a sombra de seu pai e sonhava em se tornar um cientista. Ele era muito amigo do Superboy e colega de Clark Kent, mas não conhecia a segredo da dupla identidade. A amizade de ambos começou quando Luthor salvou a vida do Superboy dos efeitos de um meteoro de kryptonita. Em retribuição, o Superboy monta um pequeno laboratório para seu novo amigo.
Na tentativa de agradecer o gesto e selar a amizade, o jovem Luthor resolve desenvolver um antídoto para a kryptonita. Durante um dia inteiro ele se esmera na tarefa e tem sucesso, mas, por acidente, ele esbarra num frasco com ácido e incendeia o laboratório. Desesperado ele grita por socorro. O Garoto de Aço, em patrulha sobre Smallville, escuta o chamado e, com o seu super-sopro, apaga as chamas, porém mistura a fumaça com o antídoto de kryptonita. Quando a poeira assenta, Luthor está careca e enfurecido. Ele culpa o Superboy pelo ocorrido dizendo que o herói adolescente tinha inveja de sua inteligência. O Superboy pede desculpas, dizendo que foi um trágico acidente, mas isso não convence Luthor, que, obviamente, jura vingança eterna.
Em cada nova história narrada nas revistas do Superboy, depois dessa versão para a origem de Luthor, o vilão era mostrado como um grande cientista e um gênio que poderia usar seus dons para o bem da humanidade, mas, por sua formação e por causa do acidente, transformou-se numa constante ameaça. Na revista Superman #292 (outubro de 1975), numa história em flashback, o Super-Homem relembra sua amizade com o jovem Luthor e pondera como a formação rígida e a criação restritiva do pai de Luthor podem ter causado o desvio no seu comportamento.
A versão atual de Lex Luthor, criada por Marv Wolfman e John Byrne no pós-Crise, lançou mão de um artifício totalmente original para o personagem. Luthor não era mais um vilão, mas um milionário que deseja manter o controle e o poder da cidade de Metrópolis. Órfão de pai e mãe, Luthor construiu sua riqueza em cima de seus talentos científicos no desenvolvimento de artefatos bélicos para o governo americano e com sua capacidade de manipular as pessoas. Nessa versão, Luthor é responsável (direta ou indiretamente) por mais da metade dos empregos de sua cidade e fica furioso quando os cidadãos metropolitanos começam a dedicar mais atenção ao seu novo campeão: o Super-Homem. Novamente, os motivos de Luthor são a inveja e o ciúme do Super-Homem.
Para compor o jovem Lex Luthor da série Smallville, os produtores Miles Millar e Alfred Gough fizeram uma mistura de todas essas versões. Da mesma forma que a versão pré-Crise esse Luthor perdeu os cabelos devido a um acidente com kryptonita “provocado” pelo herói kryptoniano e tem um pai castrador que o impede de perseguir seus sonhos. Lionel Luthor, o seu pai no seriado, é um milionário poderoso como o Lex do universo pós-Crise. O novo Luthor interpretado por Michael Rosenbaum também sente inveja e ciúmes de Clark Kent - não devido aos seus poderes, mas pelo carinho e amor que os Kents dedicam ao seu filho adotivo.
Jonathan (John Schneider) e Martha Kent (Anette O’Toole) são peças fundamentais da série Smalville e da mitologia do Super-Homem. Desde a sua versão original, apesar de todos os poderes e de tudo que ele podia fazer, o maior poder do Super-Homem sempre foi seu conhecimento instintivo do certo e do errado. E isso não é um presente de sua origem kryptoniana, mas um dom ensinado por seus pais humanos. O que tornou o Super-Homem interessante e tão popular por mais de 60 anos, não foi o “Super”, mas o “Homem”. Esse homem só veio a ser o que é graças a formação sólida e amável dada pelo casal Kent. No universo pré-Crise antes da criação do Superboy, Clark Kent havia perdido seus pais, Eben e Sarah Kent, por volta dos 20 anos e só então, com a morte deles, decide se tornar o Homem de Aço.
Nas antigas histórias do Superboy, Martha e Jonathan foram os principais incentivadores de sua vida como super-herói, para eles seus poderes eram para serem usados com sabedoria e correção. Dessa mesma forma, o Super-Homem dos quadrinhos atuais utiliza o alento de seus pais antes de tomar qualquer decisão difícil. Em Smallville, a série passa a atrair espectadores adultos por essa distinção que a faz lembrar muito a série Seventh Heaven. Bem diferente das outras séries adolescentes da atualidade que mostram os pais tão confusos quanto os filhos.
Outros personagens que migraram dos quadrinhos e estão presentes na série para ajudar e aconselhar o jovem Clark são seus amigos Pete Ross e Lana Lang. Ross é um personagem que não existia nas primeiras histórias do Homem de Aço, mas depois que foi criado em Superboy #86 (janeiro de 1961) passou a ter um papel importante na vida do jovem herói, tanto que ele se tornou o melhor amigo de Clark Kent e foi o único que soube o segredo da dupla identidade - apesar de até o fim do universo pré-Crise, o Homem de Aço nunca ter desconfiado disso. O mesmo deve acontecer no segundo ano da série Smallville, que começará em setembro nos EUA.
Alguns fãs reclamam da nova aparência física de Pete Ross na série, já que, nos quadrinhos, ele sempre foi ruivo, na série, ele é interpretado pelo ator negro Sam Jones III. Nas histórias pós-Crise, Pete continuou sendo o melhor amigo mas perdeu o privilégio de conhecer o segredo do herói para Lana Lang, com quem casou, recentemente, nos quadrinhos (Action Comics #700). Lana, só foi criada para suprir uma necessidade dos quadrinhos do Superboy, e no começo não passava de uma versão ruiva de Lois Lane, criada pelos editores para atazanar a vida de Clark Kent e Superboy.
Interpretada pela belíssima atriz canadense Kristin Kreuk, a Lana Lang da série Smallville faz o tipo boa moça do interior em contraste com a personalidade explosiva de Lois Lane, que na série Smallville, não aparece, mas tem uma réplica na melhor amiga de Clark Kent, Chloe Sullivan (Allison Mack), a editora do jornal estudantil.
Chloe além de ser da imprensa como Lois, ela é a mais incrédula e inteligente do grupo. São delas os comentários mais sagazes e as tiradas mais inteligentes, para ela todas as esquisitices da pequena cidade tem uma única origem: a chuva de meteoros que acompanhou a nave do pequeno Clark até Smallville. Os meteoritos de kryptonita cobriram a superfície do local e a radioatividade deles provocam todos os tipos de mutações. A maioria dos “vilões” da série são frutos desse ambiente diferente, mas para Clark o fragmento que o perturba mais é aquele que Lana carrega como pingente em homenagem aos seus pais. Como não podia deixar de ser, isso também teve origem numa outra versão do Garoto de Aço. No episódio The Great Kryptonite Caper, o último da série de desenhos animados produzidos pela Filmation Studios em 1966, Lana Lang também usa um colar de kryptonita.
Em contra-partida a essas incontáveis referências as encarnações prévias do Homem de Aço, Smallville consegue ser totalmente original com o seu personagem principal. Interpretado por Tom Welling, esse Clark Kent é com certeza a melhor caracterização que o Super-Homem já teve em toda história. Ao mesmo tempo que se mostra inseguro e confuso como a maioria dos adolescentes, Welling foi capaz de trazer um charme de garoto do interior que o personagem só teve quando foi interpretado por Christopher Reeve no cinema. Pela primeira vez em toda sua história Clark seus poderes tiveram um preço alto, toda a infelicidade e a destruição que a chuva de meteoros provocou-lhe a sensação de culpa ao ser abençoado. Esse sentimento transforma-se em uma força interior para salvar o dia. E, nessas cenas, é possível perceber no seu olhar a mesma determinação que o personagem tinha quando foi interpretado pelo lendário George Reeves na primeira série televisiva do personagem. Afinal independente das várias versões já vistas, ainda estamos falando do maior herói do planeta.
Fabio Marques
www.super-homem.com
Publicada originalmente na Revista SCI-FI NEWS #59, setembro de 2002