segunda-feira, julho 27, 2009

Look in the Yellow Pages under "S."



Superboy: Voando para Fora dos Quadrinhos

Smallville não é a primeira aventura do jovem Clark Kent fora dos quadrinhos, mas com certeza é a empreitada mais bem-sucedida. Em 1961, Whitney Ellsworth, editor da DC Comics e produtor da clássica série de TV com George Reeves, as Aventuras do Super-Homem (The Adventures of Superman, 1953-1957), desenvolveu o piloto Rajah’s Ransom baseado na história The Saddest Boy in Smallville, da revista Superboy #88 (abril de 1961) que seria o primeiro de uma série preliminar de doze episódios.

Escrito por Vernon E. Clark e pelo próprio Ellsworth e filmado apenas em três dias, o piloto narra um dia ensolarado na vida do jovem Clark Kent, na Smallville High School, ao lado de sua namorada Lana Lang. A trama foca na vergonha que um colega de classe de Clark sente pela profissão de seu pai, porteiro do teatro da cidade. Interpretado por John Rockwell, na época com 23 anos, Clark não era tão tímido e pacato como sua inspiração dos quadrinhos. Da mesma forma que George Reeves fez na primeira série de TV do Super-Homem, Rockwell trouxe elegância e presença de palco para a identidade secreta do Superboy. Escolhida a dedo por Ellsworth, Bunny Healing ganhou o papel de Lana Lang. Diferente de todas as versões posteriores e de sua versão original nos quadrinhos, essa Lana já aparece como namorada de Clark, mas, obviamente não sabe de sua vida dupla - apenas a mãe do herói, a viúva Martha Kent (Monty Margetta), divide o segredo com o filho.

Apesar do esforço de Ellswroth, o piloto nunca foi ao ar e os demais episódios da série , apesar de escritos, não foram produzidos. O motivo da recusa foi puramente comercial. No verão de 1962, a Kellogs, que patrocinava a série com George Reeves, declarou que não tinha interesse no seriado do Superboy, pois ainda estava lucrando muito com as reprises da série do Super-Homem. Isso frustou as tentativas de Ellsworth de produzir uma continuação para As Aventures do Super-Homem, mas não o excluiu das adaptações de quadrinhos, já que ele foi consultor da série Batman com Adam West e Burt Ward.

Em 1966, o Superboy, finalmente chegou às telas de TV, na série animada da Filmation As Novas Aventuras do Super-Homem. Com animações sofríveis, o desenho apresentava dois segmentos distintos: o primeiro com as aventuras do Homem de Aço em Metrópolis e o segundo com as peripécias do Garoto de Aço e Krypto, o Super-Cão, em Smallville. Produzidos por Lou Scheimer, Norm Prescott e Allen Duconvy, os episódios eram baseados diretamente nos quadrinhos da época e apresentavam histórias escritas pelo editor da revistas em quadrinhos do Super-Homem Mort Weisinger e desenhos inspirados nos artistas Wayne Boring e Curt Swan.

Esse desenho animado chegou ao Brasil nos anos 60 quando foi exibido pela TV Paulista (atual Rede Globo) no famoso progrma Zaz-Traz. Nos anos 80, como parte do acervo comprado pelo SBT, essa série passou por todos os programas infantis da rede paulista e nos anos 90, foi atração matinal do canal por assinatura Warner Channel.


Passados 22 anos, o Superboy volta às telinhas. Buscando repetir o sucesso da série cinematográfica do Super-Homem, os produtores dos três primeiros filmes com Christopher Reeve e do filme Supergirl, Ilya e Alexander Salkind produziram a série de TV Superboy com John Haymes Newton no papel duplo de Clark Kent e Superboy. Usando altos recursos em efeitos visuais o primeiro ano da série teve 26 episódios e narrava as aventuras de Clark, Lana Lang (Stacy Haiduk) e T.J. White (James Calvert), filho de Perry White, na Shuster University, em Smallville. Contando com a participação do jovem Lex Luthor interpretado por Scott Wells, a série foi um prato cheio para os fãs dos quadrinhos.

Desenvolvidos por aclamados escritores e editores da própria DC Comics, os roteiros dessa série foram sem dúvida uns dos retratos mais fiéis do Super-Homem fora dos quadrinhos. O seriado contou com histórias escritas por lendas da indústria dos quadrinhos: Mike Carlin, Andy Helfer, Denny O’Neil, Cary Bates, Mark Evanier, Stan Berkowitz, John Francis Moore e J. DeMatteis, entre outros. O próprio David Nutter, diretor do episódio piloto de Smallville e das séries Arquivos X e Millenium, chegou a dirigir três episódios dessa série.

Apesar do sucesso, o segundo ano teve várias mudanças, a começar pelo personagem principal. Com a imagem suja por ter cometido várias infrações de transito embriagado e pedindo aumentos de salário absurdos, John Haymes Newton foi substituído por Gerard Christopher. O personagem T.J. White foi cancelado, e no seu lugar, surgiu Andy McAllister (Ian Mitchell-Smith), um estudante oportunista. Lex Luthor também foi remodelado. Interpretado por Sherman Howard, que usou uma pesada maquiagem, dexaindo-o 20 anos mais velho, Luthor passou a ser um adulto e a série recebeu um novo nome: The Adventures of Superboy.

Mesmo com tantas alterações, a série continuou a ter uma boa audiência e um terceiro ano foi encomendado. Profetizando a série Arquivo X, Clark e Lana deixam a universidade e se tornam internos do Bureau for Extraordinary Matters (Departamento de Assuntos Extraordinários) em Capitol City. Nessa agência governamental, eles investigam estranhos fenômenos paranormais. Apesar de, cada vez mais apresentar participações menores do Superboy, a série continua a fazer sucesso moderado e um quarto e último ano é produzido. Ao todo, 100 episódios foram exibidos e a série é cancelada em 1992 por dois motivos: o fim da licença de uso dos Salkind e a proposta da Lorimar Television para a série Lois & Clark: As Novas Aventuras do Superman. Para muitos especialistas de televisão, o segredo que fez essa série resistir por tantos anos e por tantas mudanças mesmo com uma audiência moderada foi a presença da belíssima Stacy Haiduk, (SeaQuest DSV) no papel de Lana Lang.

No Brasil, a série Superboy foi exibida nos programas infantis do SBT em 1992 e foi anunciada em 1994, como uma nova atração pela Rede Record, mas nenhum episódio foi exibido até hoje.

Fabio Marques
Publicada originalmente na Revista
SCI-FI NEWS #60, outubro de 2002